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Primeira Poetagem

"Poeta morre de fome".

Todo poeta já ouviu essa frase mais de uma vez nos trechos artísticos da vida. Com certeza (e com efeito), ela traz a desgraça e a fúria indizível de diversos mestres do gênero - infelizmente, estes não protestam, pois já residem em sua morada eterna (vulgo: túmulo).


Todo poeta sonha em ser famoso. Todo poeta se imagina em um recital com milhares de ouvintes. Ou, melhor, milhões de leitores e fãs. Quem sabe uma pesquisa ou estudo de seu gênero em alguma grande universidade... O desejo de grandeza cresce em todos nós - seja no trabalho ou no prazer. Ser ambicioso faz parte da humanidade. Como alguém disse uma certa vez: "Se ninguém desejasse mais do que tem, ainda viveríamos em cavernas".

O poetista é diferente. Ele não liga para a métrica ou a perfeição rítmica dos eruditos. Não: ele entende que a métrica só é necessária quando agrada a um seleto grupo da sociedade - os poetistas. Enquanto o poeta se preocupa com o mundo todo, o poetista quer agradar sua gente. E ser feliz. Sejamos francos: a quem é mais difícil agradar, o que conhece o assunto ou o que é apaixonado por ele? Se nossas poesias ditas "imperfeitas" pelos eruditos agradam a quem sabe ouvi-las, então nós conseguimos percorrer metade do caminho. Se elas tocam o coração de quem pode compreendê-las com alma de artista, então, somos perfeitos.

Somos poetistas. Poeta morre de fome, de tuberculose ou perdigotos do gênero. Poetista faz poetagem, não poesia. Ele se alimenta da paixão, da fúria, da tristeza. Ele é poeta de si mesmo. Quem mais ele quer alimentar?

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